Justiça de Sergipe manda operadoras bloquearem WhatsApp no Brasil por 72 horas
A Justiça de Sergipe mandou as maiores operadoras de
telefonia do país bloquearem o acesso dos brasileiros ao aplicativo de mensagem
instantânea WhatsApp por 72 horas a partir das 14h desta segunda-feira (2).
A decisão é do juiz Marcel Maia Montalvão, da Vara Criminal
de Lagarto, no Sergipe. O magistrado atendeu a um pedido de cauter da Polícia
Federal, que foi endossado por parecer do Ministério Público.
O bloqueio foi pedido porque o Facebook, dono do WhatsApp,
não cumpriu outra decisão judicial de compartilhar informações que subsidiariam
uma investigação criminal. A recusa já havia resultado na prisão do presidente
do Facebook para América Latina em março deste ano.
Segundo o juiz, a medida cautelar é baseada no Marco Civil
da Internet. Os artigos citados pelo magistrado dizem que uma empresa
estrangeira responde pelo pagamento de multa por uma “filial, sucursal,
escritório ou estabelecimento situado no país” e que as empresas que fornecem
aplicações devem prestar “informações que permitam a verificação quanto ao
cumprimento da legislação brasileira referente à coleta, à guarda, ao
armazenamento ou ao tratamento de dados, bem como quanto ao respeito à privacidade
e ao sigilo de comunicações.”
Não é a primeira vez que um tribunal pede a suspensão do
acesso ao serviço de bate-papo no Brasil. O bloqueio anterior ocorreu em dezembro de 2015, quando a Justiça do Piauí ordenou que as empresas impedissem
a conexão. A ferramenta permaneceu inacessível por 12 horas.
Conta no WhatsApp
A investigação foi iniciada após uma apreensão de drogas na
cidade de Lagarto, a 75 km
de Aracaju. O juiz Marcel Montalvão pediu há quatro meses que o Facebook
informasse o nome dos usuários de uma conta no WhatsApp em que informações
sobre drogas eram trocadas. A empresa não atendeu a Justiça, que aplicou há
dois meses multa diária de R$ 50 mil. Como a empresa ainda assim não cumpriu a
determinação, o valor foi elevado para R$ 1 milhão há 30 dias.
A assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça do Estado
de Sergipe informou que o juiz está em audiência e que a assessoria dele
confirma a existência do processo, mas não iria passar informações, pois corre
em segredo de justiça.
O Facebook já proíbe que a rede social seja usada para
vender drogas. No começo de fevereiro, alterou a política de uso do site e do
aplicativo de fotos Instagram para impedir também que os usuários
comercializassem armas.
Na prática, donos de páginas e perfis já não podiam vender
material bélico, mas pequenas microempresas podiam usar a ferramenta de criação
de anúncios rápidos para isso. Com a alteração, essa prática foi vetada. A
política da rede, no entanto, não se estende ao WhatsApp.
Segundo o delegado Aldo Amorim, membro da Diretoria de
Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal em Brasília, a investigação foi
iniciada em 2015 e esbarrou na necessidade informações relacionadas as trocas
de mensagens via whatsapp, que foram solicitadas ao Facebook e não fornecida ao
longo dos últimos meses.
Ainda de acordo o delegado, existe uma organização criminosa
na cidade de Lagarto e o não fornecimento das informações do Facebook está
obstruindo o trabalho de investigação da polícia. Ele disse também que toda
empresa de comunicação que atua no Brasil deve seguir a legislação brasileira,
independente do seu país de origem.
Fonte G1 SP
Fonte G1 SP
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